Milton Ostetto nasceu em Nova Veneza, Santa Catarina, e desde bem pequeno já desfrutava da beleza da imagem. É que seu pai era dono do cinema da cidade e ele podia assistir filmes de todo tipo. Aquilo lhe aguçou o olhar. Mais tarde veio morar em Florianópolis onde cursou a faculdade de Engenharia, mas sempre perseguindo a fotografia. Não descobri os estudos, mas andei por aí fotografando.
Na turbulenta década de 1980 já circulava nos espaços do jornalismo alternativo, convivendo com figuras como Eloi Galotti e Dario de Almeida Prado, este, um ás da fotografia. Apaixonado pela imagem batalhava para ter sua própria máquina, naqueles dias coisa muito cara, e arriscava-se na fotografia com máquinas emprestadas pelo jornalista Celso Martins, usando pontas de filme de outros colegas fotógrafos, sempre caçando a luz.
Primeiro, voltou-se para a natureza, afinal Florianópolis é um prato cheio. Mas, seu espírito rebelde logo encontrou as gentes. Sua câmara passou a buscar a lida dos pescadores, as passeatas, os atos, as lutas dos trabalhadores. Não foi um repórter clássico, com emprego em jornais ou TV. Mas, passou a vida toda registrando a luta social.
Ainda hoje, em qualquer manifestação que se vá, lá está ele, colado na máquina, registrando tudo e logo disponibilizando seu trabalho para potencializar a luta. É assim que ele reporta a vida, mas não qualquer vida: a vida do trabalhador. Também é o criador do Varal da Trajano, que leva a fotografia para a rua, onde ela pode ser vista por todos.
É a realidade do povo em luta que ocupa seu ser.
Neste vídeo, um pouco de sua história e do seu trabalho. Com imagens de Rubens Lopes.